Capitão Dorecki, comandante da Companhia do BOPE apoia o Maio Amarelo

O Capitão André Cristiano Dorecki, Comandante da Companhia do Choque do BOPE concedeu entrevista ao Blog da Vanessa Fontana sobre a sua percepção enquanto cidadão e Policial Militar sobre o Movimento Maio Amarelo.

Capitão Dorecki

De acordo com o Capitão Dorecki, a sua percepção como policial e como cidadão é de que nós devemos nos conscientizar e exigir dos órgãos públicos, o exemplo.  A raiz do problema do nosso comportamento no trânsito está na cultura, na consciência do cidadão de que a união da bebida alcoólica com o veículo é uma mistura perigosa. Como pai, percebo também que a educação vem de casa em relação ao trânsito e partir dali o  papel da escola, dos órgãos públicos, incluindo a Polícia que deve fiscalizar, enquanto Polícia de trânsito.

Nessa linha, o Capitão Dorecki entende que o Maio Amarelo é um avanço para aprimorar a percepção dos cidadãos dos riscos e do compromisso que temos uns com os outros no trânsito, pois ele é vivido em sociedade.

 

 

 

Não foi acidente

Dor

Ontem, dia 03 de agosto de 2014, completei 24 anos como sequelada do trânsito brasileiro. Dizia até então, que eu era vítima de um acidente de trânsito. Opa, não foi acidente! O sujeito que me atropelou cometeu ao menos 03 infrações:

1) “furou” o sinal vermelho;

2) ultrapassou pela “direita”;

3) estava alcoolizado. E, detalhe, após o atropelamento tentou fugir, mas foi detido por dois policiais militares, na fria noite de 03 de agosto de 1990.

Pois bem, porque estou publicando isso? Quero ser vítima?

Não! Quero sim, ser a propaganda da dor e do sofrimento que o Trânsito pode causar. Para me usar como exemplo, de que, segundos de imprudência e negligência no Trânsito tem resultados que podem ser carregados durante toda uma vida. No meu caso, fui atropelada por uma moto há 24 anos, como já disse, e há 06 anos e meio sinto dores excruciantes que me colocaram na Morfina há dois anos. Vejam, há dois anos, além da morfina tomo mais 14 comprimidos por dia. E, só tenho 41 anos!

Não podemos mais continuar com esse Trânsito e essa resistência cultural que os brasileiros tem às Leis e às Normas. Precisamos de educação e consciência no Trânsito. Há 24 anos atrás fui eu, mas hoje, amanhã ou depois pode ser você, um amigo, um familiar….

Por dia, produzimos duzentas mortes no Trânsito, por ano tiramos 50 mil vidas. Para quê? Para chegar um minuto antes?Por que somos espertos? Por que temos malandragem? Por que estamos acima das leis? Para enfrentarmos alguém com o clássico, sabe com quem está falando?

Tenham certeza de que essa sensação de micropoder da qual somos tomados quando entramos em nossos carros e olhamos o pedestre ou o motociclista como alguém que nos atrapalha e que temos o “poder” de avançar, ameaçar e jogar o carro sobre eles para a satisfação do nosso ego. Essa pessoa é uma pessoa como nós é um pedestre que tem vida, não é uma massa amorfa ou um inferior social. Estamos esquecendo da função da sociedade que é a proteção.

Quantos sequelados e mortos queremos produzir?

Peço, aos amigos do facebook que compartilhem e divulguem o meu desabafo. E, se alguém em algum momento lembrar do meu sofrimento e das  minhas doses de morfina e demais medicamentos DIÁRIOS, e isso o fizer uma pessoa melhor no trânsito um ÚNICO DIA, ou até horas, isso já valerá a pena.

Precisamos mudar e depende de cada um de nós, pois o nosso problema é cultural…

Autoridade? Imaturidade…

Recebi esse texto no meu e-mail e é o desabafo de alguém que vive na estrutura militar e apresenta as suas mazelas. O anonimato será preservado para evitar perseguição, a pedido do (a) autor (a)

Hierarquia, pressão e autoritarismo

Hierarquia, pressão e autoritarismo

Porque sim. Por que eu quero. Por que eu mando. Por que eu sou superior e você é subordinado. Constantemente me pergunto com que frequência essas e outras geniais justificativas são dadas e ouvidas em quartéis mundo afora. Particularmente, em meus incontáveis poucos anos de serviço militar, posso dizer, seguramente, que perdi a conta de quantas vezes ouvi tais frases quando para o cumprimento de determinada ordem.

Argumentos incrivelmente sábios como estes me levam a refletir sobre alguns dos pilares fundamentais da doutrina militar, em especial a hierarquia e a disciplina. De acordo com esses pilares, a sociabilidade lúdica entre superiores e subordinados é rigorosamente indesejável e cabe aos subalternos a obediência hierárquica, de maneira pronta e eficiente, às ordens da autoridade superiora competente.

De forma a digerir e compreender toda a eloquência gramatical citada, desmembrarei a parte que mais me parece paradoxal e singular na questão. Autoridade superiora competente – Autoridade competente – Autoridade.

A palavra autoridade deriva do latim auctoritas, que vem por sua vez vem de auctor, derivado de augere, que significa fazer crescer. Assim, a pessoa incumbida em uma posição de autoridade deve entender que seu principal papel é fazer seus liderados crescerem, se desenvolverem e descobrirem sua total potencialidade. Daí vem sua autoridade.

Tendo em vista tal análise, compreendo a autoridade de duas maneiras. A autoridade inata e a autoridade adquirida. A autoridade inata é aquela que existe no líder devido ao caráter da sua personalidade, seja ele por um acentuado carisma, seja ele por um dom individual. Uma pessoa provida de autoridade inata pode ser exemplificada pelo líder carismático, o artista brilhante ou o cientista visionário, ou seja, sua autoridade é determinada por sua própria natureza.

A autoridade adquirida, por sua vez, pode ser dividida em dois tipos, a autoridade diligente e a autoridade delegada. A autoridade diligente é aquela adquirida através do esforço individual, através do estudo e da vivência. Podemos exemplificar com o enfermeiro e o médico que dedicam anos de estudo para dar o melhor tratamento aos doentes, o agricultor que com anos de experiência conhece as melhores épocas de plantio e as pessoas de idades mais avançadas que passaram por inúmeras situações ao longo de suas vidas e adquiriram conhecimentos e experiências que são novas àquelas de menor idade.

Já a autoridade delegada é aquela na qual um indivíduo adquire sua autoridade através de um processo previsto na legislação, para tal podemos exemplificar através do político que é eleito democraticamente, o fiscal responsável pela regulamentação de determinada atividade, o militar em uma posição hierárquica superiora, dentre outros.

Claramente os tipos de autoridade não ocorrem, necessariamente, de maneira única em uma pessoa. Por exemplo, o médico, já provido de sua autoridade diligente, ao ser promovido a diretor de um hospital, adquire ainda um novo tipo de autoridade delegada que lhe coloca em uma esfera mais ampla no que diz respeito à liderança frente àquela instituição de saúde.

Pensando de forma lógica e racional, a autoridade delegada, portanto, deveria vir decorrente das autoridades inata e/ou diligente de determinada pessoa. Assim sendo, nota-se que, quanto mais tipos de autoridade um líder adquire, maior será a sua capacidade de fazer com que seus liderados cresçam de maneira ordenada e harmônica. Este é o grande desafio, e onde está o verdadeiro reconhecimento de uma grande autoridade.

Haja vista esta discussão, retornemos à caserna. Em um sistema militar tradicional, sob a ótica da não sociabilidade lúdica, as autoridades inata e diligente são irrelevantes para a aquisição de uma autoridade delegada e, portanto, irrelevantes para a imposição arbitrária de uma ordem de um superior hierárquico ao seu subordinado. Evidente e não surpreendentemente, conseguimos perceber que o crescimento ordenado e harmônico dos liderados será comprometido de acordo com a atitude que o superior hierárquico, i.e. autoridade, deseja tomar.

Um superior provido de carisma (autoridade inata), de conhecimento (autoridade diligente) e de posição hierárquica (autoridade delegada) certamente terá melhores condições para guiar seus subordinados, tanto no cumprimento do dever quanto em outras questões pertinentes a um convívio justo e harmonioso. Um superior nessa condição é capaz de quebrar a barreira da não sociabilidade lúdica e de enxergar seu subordinado como um ser humano provido de capacidades e anseios particulares a sua pessoa, extraindo dele seu melhor e sabendo ser tolerante quando necessário. O subordinado, por sua vez, reconhece o superior não apenas pela ótica, também, da não sociabilidade lúdica, ou seja, não apenas pela sua posição hierárquica, mas pelo seu carisma e conhecimento, o que gera um senso de respeito, comprometimento e cumplicidade elevado entre as duas pessoas.

Por outro lado, um superior hierárquico que carece de autoridade inata e/ou diligente, torna-se prisioneiro da autoridade delegada e, consequentemente, observa suas ações apenas através da ótica da não sociabilidade lúdica. O gerenciamento de seus subordinados estará seriamente comprometido e sua autoridade posta em questão, não apenas pelos seus subordinados, mas por si mesmo. Ao duvidar de sua própria capacidade, um superior escravo dessa condição consegue impor sua autoridade delegada apenas através da autoafirmação. E através dessa atitude ele demonstra que (1) ele precisa se mostrar melhor do que os outros, quando na realidade é possível que ele tenha baixa autoestima devido à falta de autoridade inata/diligente, e/ou (2) ele quer fazer parte de um grupo que também age desta forma e, em função disto, sente que é necessário ter este comportamento para conseguir ser aceito.

Assim sendo, o ato de se autoafirmar faz com que esse tipo de líder deixe de olhar verdadeiramente para dentro de si, local onde se encontram os reais meios de reconhecimento e o qual diminui a necessidade de se buscar o retorno externo, e fecha-se a necessidade íntima de impor-se à aceitação do meio. Precisa mostrar-se sempre em destaque para obter constante aprovação dos que os cercam. Com o passar do tempo, se reduz tanto a sua baixa estima que não enxerga mais os que estão ao seu redor como pessoas merecedoras de respeito e consideração, ofendendo e maltratando aqueles a quem se refere e impondo a sua vontade de maneira arbitrária através da sua única alternativa, a autoridade delegada.

Este ato de se autoafirmar através da autoridade delegada mostra o verdadeiro (des)preparo de um líder frente aos seus subordinados. Neste caso sua autoridade não se enquadra mais na esfera da própria etimologia da palavra, ou seja, não significa “fazer crescer”. Sua autoridade transforma-se e mescla-se à esfera etimológica de maturus, particípio passado de maturare que significa amadurecer, estar pronto para a colheita, contudo, acrescido do prefixo in, não.

Líderes nessa condição demonstram que sua autoridade é, na verdade, pura e simples imaturidade. Imaturidade pela necessidade de se autoafirmar. Imaturidade por impor-se como autoridade competente quando dentro de si, eles mesmos duvidam da própria competência. E principalmente, imaturidade por não perceberem que uma autoridade inata pode ser trabalhada e que uma autoridade diligente pode ser adquirida.

Neste sentido, uma autoridade delegada imatura acredita estar absolutamente certa sobre qualquer coisa para com seu subordinado e absolutamente errada sobre qualquer coisa para com seu superior, por mais que evidências contrárias digam que não. Ela não adquire nenhum novo conhecimento e permanece em um estado estático à realidade circundante, fechando-se cada vez mais para uma visão afunilada onde a parede da não sociabilidade lúdica ao seu redor é tão rígida e engessada, pois é a única capaz de sustentar sua imaturidade perante os outros, que o mundo a sua volta se torna supérfluo e até mesmo incoerente com suas ações.

Infelizmente, autoridades nessa situação não são exceções quartéis afora, ainda mais quando jovens em posições de liderança. Se é orgulho ferido, ego inflado ou simplesmente imaturidade, na impossibilidade de escolher as três eu prefiro acreditar na última que pode ser mais facilmente trabalhada. São essas atitudes que, não supreendentemente, fazem o sistema militar, pelo menos nas polícias militares, iniciar seu processo de colapso. Por esse motivo, é evidente que movimentos em prol da desmilitarização e da extinção das policias militares ocorreriam, mesmo sem o estopim da sociedade, visto que o sistema está deturpado e falido dentro dos próprios quartéis.

Felizmente, existe uma luz no fim do túnel e ela vem através do bom senso, da humildade, da compreensão, da tolerância, da justiça e de inúmeros outros aspectos relacionados ao convívio harmonioso entre superiores e subordinados. Um papel pode nos dizer sobre nossa posição, mas jamais nos dirá sobre nosso caráter. Não nos esqueçamos de que não somos melhores ou piores, mas sim diferentes uns dos outros. Diferentes nas capacidades, diferentes no conhecimento, diferentes nas responsabilidades, diferentes nas posições, e é a forma como atuamos frente a essas diferenças que forma nossa verdadeira autoridade.

No jargão militar e em uma visão realista de mundo, um subordinado que pondera acrescenta muito mais ao seu trabalho e à sua instituição, o superior deveria, portanto, fazer o mesmo. E, convenhamos, ainda bem que pelo menos aquele pondera, isso faz parte da natureza do Homo sapiens (do latim “homem sábio”), afinal ponderar deriva do latim ponderare que significa avaliar, pensar sobre… mas é melhor parar por aqui, isso é assunto pra outra discussão.

Duas centenas de mortes evitáveis em Curitiba: trânsito em questão

Por KATIA BREMBATTI, 25 de maio de 2014.

Gazeta do Povo

SOS TRÂNSITO

SOS TRÂNSITO

Uma tragédia do tamanho do incêndio da boate Kiss aconteceu em Curitiba no ano passado. Tal qual na cidade gaúcha de Santa Maria, aqui a morte de duas centenas de pessoas também não foi uma fatalidade. Só dentro do perímetro urbano da capital, 226 pessoas morreram em acidentes de trânsito. Eram, em grande parte, jovens entre 16 e 30 anos, com a vida inteira pela frente.

INFOGRÁFICO: Veja detalhes sobre as características dos acidentes

Os acidentes de trânsito são previsíveis e, portanto, evitáveis. Eles estão atrelados a um conjunto de condutas de risco. O desrespeito à sinalização, como avanço de preferencial ou semáforo, foi o principal causador. Bebidas alcoólicas estavam comprovadamente presentes em um de cada quatro acidentes fatais. Mas o número pode ser muito maior porque muitos testes deixaram de ser feitos. E o perfil das colisões mostra predominância nos sábados à noite.

Os dados são decorrentes do trabalho de uma equipe que analisou cada umas das mortes no trânsito curitibano em 2013, para tentar impedir que mais tragédias aconteçam. Policiais, peritos, médicos e técnicos de trânsito se reúnem todas as terças-feiras de manhã, na Secretaria Municipal de Saúde, em busca de respostas.

O levantamento mostrou que não é nas rodovias que cortam a capital e, sim, no trânsito das ruas que ocorre a maior parte dos óbitos. E assim como no caso de homicídio, são os homens que estão mais sujeitos à violência. Quase todo dia alguém morre no trânsito da capital – o recorde de 2013 foram dois períodos de uma semana sem óbitos.

Sem desculpa

Em países em que a “cultura do carro” também é forte, como Estados Unidos e Argentina, a população têm a metade do risco – em relação aos brasileiros – de morrer no trânsito: mais um indicativo de que os acidentes graves não são fatalidades. A cada três mortes em automóveis em Curitiba, uma envolve a ausência de uso de cinto de segurança. Foram 16 óbitos no ano passado em situações em que o dispositivo poderia, eventualmente, ter salvado uma vida.

A boa notícia é que o número de mortes diminuiu em relação ao ano anterior: foram 263 em 2012. Não há uma explicação fácil para a queda. Até mesmo o tráfego engarrafado pode ter contribuído para a redução.

A notícia triste é que, mesmo em declínio, os números curitibanos ainda estão bem acima de qualquer média aceitável. O trânsito de cidades como São Paulo assusta, mas o de Curitiba é duas vezes mais violento quando comparado o número de veículos, segundo o Mapa da Violência no Trânsito. A chance de ter a vida interrompida é maior aqui. “Os índices curitibanos são terríveis”, resume Vera Lídia Alves de Oliveira, que é uma das coordenadoras do grupo Vida no Trânsito, responsável pela análise dos óbitos.

Depois da festa, a tragédia

No dia do acidente, Anelize Empinotti conversou com a mãe e a irmã sobre a violência nas ruas. Era a semana nacional do trânsito e ela acreditava que, por temor de fiscalizações extras, menos gente sairia bebendo e dirigindo. Estavam apreensivas, afinal de contas, voltariam para casa de madrugada. A preocupação era pertinente. Anelize nunca mais conversaria sobre amenidades com elas depois daquele dia. Logo após a festa de formatura, ela perdeu a mãe, a irmã e o filho em um acidente.

Alguns fatores foram primordiais para esse desfecho. Pela avenida Silva Jardim, Eduardo Victor Garzuze seguia em alta velocidade. Ele havia se envolvido em uma batida e fugia do local. Eram 4h40 de 22 de setembro de 2013. O carro em que estavam a costureira Lorena Araújo Camargo, 47 anos, a assessora jurídica Gabriele Empinotti, 23 anos, e Igor Empinotti de Oliveira, 9 anos, percorria a rua Alferes Poli. Era madrugada e o sinal vermelho foi ignorado. Mesmo usando cinto de segurança e com a abertura do airbag, os três morreram. Testes feitos no hospital apontaram que Garzuze tinha álcool no sangue. Os socorristas também registraram no prontuário médico que ele tinha “odor etílico”.

Até hoje, Anelize não conseguiu buscar o álbum de formatura. Acredita que não está preparada. Ela faz acompanhamento psicológico para aprender a viver com a perda. Como parte do tratamento, se engajou em campanhas de prevenção de acidentes. Conseguiu o apoio de colegas na Cohapar, onde trabalha.

E no primeiro Dia das Mães depois da perda, ergueu a cabeça e participou de uma caminhada de conscientização. “Minha mãe ensinou que eu devia me preocupar com os outros. Quem bebe e dirige com velocidade excessiva não pensa que pode causar um acidente e acabar com uma família”, diz. “Cada dia é uma luta. Não é fácil acordar e saber que o meu filho não está no quarto do lado”, resume. O cômodo, fechado, guarda as lembranças do menino e também da mãe e da irmã.

Anelize avalia que falta fiscalização. Diz não ter visto blitz naquela noite. “Talvez ele [o motorista] tivesse sido preso ou o carro tivesse sido apreendido”, comenta. Ela não vê o caso como uma fatalidade. “Chamo de irresponsabilidade.” Mas não quer sentir raiva. Para Anelize, também a impunidade é um fator que contribui para que o motorista arrisque colocar em jogo vidas alheias. “Eu perdi tudo o que eu tinha”.

FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1471227&tit=Duas-centenas-de-mortes-evitaveis#comentarios

 

Segurança Pública na pauta da Senadora Gleisi Hoffmann

Participei no último sábado, 10 de maio, como cientista política e consultora da APRA – Associação de Praças do Estado do Paraná, de reunião no Gabinete da Senadora Gleisi Hoffmann – PT/PR, sobre o tema da Segurança Pública. O convite da Senadora é no sentido de levantar subsídios junto as classes que compõem a Segurança Pública, para criar o seu Plano de Governo na área da Segurança Pública.

Jeovai Zico, Vanessa Fontana, Gleisi Hoffmann e Valdemiro Dusi

Jeovai Zico, Vanessa Fontana, Gleisi Hoffmann e Valdemiro Dusi

Estiveram presentes vários representantes de associações e sindicatos, bem como, membros individuais, ou seja, sem representação classista, que participaram da reunião, dentre eles: guarda municipal, polícia militar (praças e oficiais), polícia civil, papilocopistas, delegados da polícia civil, agentes penitenciários.

A reunião foi tensa, pois há pontos de vista divergentes a respeito de um caminho para a Segurança Pública no Paraná, bem como, há claramente algumas posições retrógradas e que querem manter um modelo de segurança que não contempla o cidadão, mas sim o privilégio de determinadas classes. Foi deixado muito claro para a Senadora Gleisi Hoffmann que qualquer plano de Segurança Pública que não contemple essas contradições e as tome como um ENFRENTAMENTO NECESSÁRIO, não será um Plano sério, pois entendemos que a Segurança Pública deve ser pensada de DENTRO PARA FORA.

A mensagem que fica é: esses problemas institucionais internos, são gravíssimos e refletem na atuação do operador da segurança junto à sociedade.

 

 

Dálio Zippin Filho – Seminário Repensando a Segurança Pública

Dálio Zippin - Repensando a Segurança Pública

Dálio Zippin – Repensando a Segurança Pública

O Prof. Dálio Zippin Filho, advogado criminalista, e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, ministrou Palestra sobre o Panorama da Segurança Pública no Paraná e aspectos controvertidos da PEC 51.  Primeiramente ele ressaltou dados nacionais sobre o número de homicídios existente no Brasil, que gira em torno de 50 mil mortes ano. O que ultrapassa qualquer conflito mundial armado ocorrido desde 2005 até os dias atuais.

Profa. Dra. Vanessa Fontana - Prof. Dr. Dálio Zippin Filho

Profa. Dra. Vanessa Fontana – Prof. Dr. Dálio Zippin Filho

Demonstrou uma visão aguçada quanto a atuação e os códigos militares que acabam por levar o policial a responder processos junto a justiça especializada que é justiça militar. Ressaltou sua desconfiança quanto a aplicação da PEC 51 e apontou alguns pontos controvertidos. O que só veio a aumentar a intensidade do debate, o que é muito valoroso num espaço acadêmico.

 

Da esquerda para a Direita. Luiz Antonio Boudains; Ramirez; Cel Furquin; Profa. Vanessa; Prof. Dário Zippin Filho; Fernando Vicentine.

Da esquerda para a Direita. Luiz Antonio Boudains; Ramirez; Cel Furquin; Profa. Vanessa; Prof. Dário Zippin Filho; Fernando Vicentine.

Agradecemos a ilustre presença do jurista no Centro Universitário –  UNINTER, bem como, no Fórum Paranaense pela Segurança Pública, demonstrando que o Fórum está aberto a diversidade e que não temos inimigos, mas sim adversários ideológicos, o que evidentemente reforça a causa.

 

Prof. Pedro Bodê no Seminário Repensando a Segurança Pública

A fala do Prof. Dr. Pedro Bodê, no Seminário Repensando a Segurança Pública,  foi de crítica em relação ao atual modelo de segurança pública no Brasil, especialmente, no tocante a Polícia Militar, um modelo atrasado de  organização policial que prevê privilégios para os oficiais,  inventado em 1964, e como tal não deve ter continuidade num processo democrático.

Fernando Vicentine - Prof. Pedro Bodê

Fernando Vicentine – Prof. Pedro Bodê

O professor Bodê expressou sua satisfação com o Seminário, a medida que, temos diversas forças policiais reunidas num Fórum propondo uma mudança que sai da base das organizações. Reforçou a tese da Polícia Única com ciclo completo e a PEC 51.

Cabe ressaltar que o Cel Dabul, Diretor da Divisão de Ensino da PMPR esteve no Seminário, Cel Daniel, o Cel Xavier, ex-comandante da PMPR, bem como, o Cel César, ex-subcomandante da PMPR, dentre outros. E é, público e notório, que os coronéis não apreciam a fala do Prof. Bodê, obviamente porque sua fala é crítica em relação ao atual modelo vigente na Polícia Militar.

Auditório FIEP

Auditório FIEP

 

O auditório estava movimentado, ao contrário do que afirmou e retratou em foto o Cel César em matéria publicada no site da AMAI  ( http://amai.org.br/site/noticias/detalhes/540/). Primeiramente, que o seu “texto” sim é revanchista e um tanto magoado, por não fazerem parte deste Fórum, como reclamou em seu primeiro parágrafo.  A sua fúria dirigida ao Pedro Bodê é uma mitigação das suas próprias falhas, pois é público e corrente no interior dos quartéis da PMPR que foi um péssimo subcomandante, pois adotou o RDE na Polícia, como se Forças Armadas fosse, causando o terror entre as Praças,  sua falta de carisma e atitudes pautadas por vaidade pessoal o fizeram sair da PMPR, alguns sabem como se deu a sua oportuna derrocada, e eu sou uma dessas pessoas.

Então, se auto-proclamar como representante de uma cultura da paz? Por favor, Cel! Quanto as suas ácidas palavras direcionadas ao Prof. Bodê que é acadêmico e estudioso, o Sr. as faz com total desequilíbrio atacando a PESSOA e não a sua fala. Bem se percebe que a sua seara não é acadêmica, mas sim a do chicote que procura desferir contra aos mais fracos, coisa que o Prof. Bodê não é. Seu discurso é honesto e pautado sim em dados científicos, agora o seu é saudosista e revanchista de um tempo que não voltará jamais.

O que mais me chama atenção é que aquele em que o Sr. atacou em honra foi a pessoa com a qual o sr. mais conversou a manhã inteira, sua postura é lamentável, anti-democrática e anti-acadêmica. Basta olhar a foto, é curioso tanta falta de sintonia num discurso só, ainda bem que  as imagens não mentem.

Seminário Repensando a Segurança Pública

Marcelo Godoy, Procurador – Prof. Pedro Bodê – Cel César, AMAI – Luiz Vechi, Guarda Municipal – Profa. Vanessa Fontana

Enquanto isso, o Fórum segue se completando e formando um sólido conhecimento das questões políticas e executivas que os atingem hoje. Aos amargurados, que busquem consolo numa pantufa, uma xícara de café e bons livros sobre cordialidade e introdução a política.

Repensando a Segurança … Sucesso Total no UNINTER

Seminário Repensando a Segurança Pública

Seminário Repensando a Segurança Pública

Pessoal, estou há pelo menos 18 anos na área acadêmica e há tempos não participava de um evento tão INSTIGANTE quanto o de hoje.

 

Vanessa Fontana, ao fundo Cel Dabul -  Diretor de Ensino da PMPR

Vanessa Fontana, ao fundo Cel Dabul – Diretor de Ensino da PMPR

E, não é porque sou a gestora acadêmica, mas sim pelo alto nível dos debates. Então aqui, quero fazer alguns agradecimentos e registrar alguns momentos e deixar o convite para que todos compareçam amanhã, dia 25 de abril, no Centro Universitário UNINTER, Saldanha Marinho, 131.

Seminário Segurança Pública

Seminário Segurança Pública

O primeiro horário do dia, mesa de abertura na FIEP, com a EXCELENTE palestra do Prof. Pedro Bodê – UFPR.

Fernando Vicentine e Prof. Pedro Bodê

Fernando Vicentine e Prof. Pedro Bodê

 

Antes de mais nada, sem ELA nada seria possível. NARDI CASANOVA, você é DEMAIS!

Nardi Casanova

Nardi Casanova

E, sem ELE, também nada teria acontecido, pois como eu disse à ele, várias vezes, Thiago de Freitas, hoje VOCÊ substituirá os passos que não posso dar. Thiago, você não tem PREÇO! Em nome dos dois agradeço à todos os funcionários e funcionárias do Centro Universitário UNINTER que colaboraram para a realização deste Seminário.

Thiago de Freitas

Tiago de Freitas

A Palestra com o Procurador da República, Marcelo Godoy foi excepcional, nunca vi um representante do Ministério Público se apresentar com tanta propriedade e comprometimento.

Marcelo Godoy - Procurador

Marcelo Godoy – Procurador

A Juíza Aposentada Maria Lúcia Karam, deu um show sobre porque descriminalizar às drogas, com propriedade e com dados absolutamente contundentes.

Juíza Aposentada Maria Lúcia Karam e Fernando Vicentine Presidente do Fórum

Juíza Aposentada Maria Lúcia Karam e Fernando Vicentine Presidente do Fórum

Ao meu ex-aluno, o cientista político, Marcelo Bordin, por se revelar um palestrante  comprometido com a sua categoria e com o futuro da Segurança Pública.

Marcelo Bordin, cientista político

Marcelo Bordin, cientista político

Ao meu também, ex-aluno, Paulo Rossi, presidente da UGT, pela palavra forte e compromissada e que também nunca esquece da “antiga” professora.

Paulo Rossi , Presidente da UGT

Paulo Rossi , Presidente da UGT

Só posso agradecer por estar rodeada de boas e frutíferas amizades, companheiros e companheiras em busca de um Brasil melhor. Ser CIDADÃO, é o nosso mínimo, para as futuras gerações, consertar os sonhos dos nossos avós, alocar o sonho dos nossos pais e dar o tão esperado futuro para os nossos filhos.

Seminário Repensando a Segurança Pública

Seminário Repensando a Segurança Pública

A inspiração vem da composição desse auditório…

Amo ser professora e cientista política por estar sempre perto do jovens, e hoje vê-los, sentados ao LADO e COM os policiais das mais variadas categorias, me fez acreditar que esse é o caminho…

Não posso deixar de agradecer ao incansável Fernando Vicentine e os guerreiros do Fórum.

Fernando Vicentini

Fernando Vicentini

Desfaçatez com a Segurança Pública

Leon Grupenmacher

Leon Grupenmacher

Pois bem, não precisa ser César para entender César, mas para fazer a gestão da Pasta de Segurança Pública nomear um médico, ainda que seja Diretor do Instituto de Criminalística do Paraná e do Instituto Médico Legal e tenha um histórico de gestor. Não quero aqui desmerecer a história dele dentro da área médica legal e da sua outra especialidade como oftalmologista, Leon Grupenmacher, nomeado dia 10 de março, como Secretário de Segurança Pública, deixou os policiais e demais profissionais que atuam na área de queixo caído. Por outro lado, o Governador do Paraná ao nomear alguém assim trata com desfaçatez aqueles que dedicam a sua vida ou as vezes a sua morte a causa da segurança pública.

O que explica tamanha desfaçatez?

O governador Beto Richa tomou uma decisão que não foi nem técnica, pois se assim fosse teria escolhido alguém com currículo mais intenso na área de segurança pública, o que vai contra uma ordem, a “ordem das coisas”, que quer dizer “saber fazer” e “conhecer. Sem mencionar, que há pessoas que estudam e vivem a segurança pública há décadas e que não tiveram a oportunidade de fazer o melhor pela segurança pública do Paraná.

Aparentemente a pasta não tem importância, mas os dados desmentem isso, pois o Paraná nos últimos anos tem galgado o posto de estado mais violento do Brasil. O que mais vou dizer…

PM-PR corta alimentação no refeitório

Por Felippe Aníbal, 26 de fevereiro de 2014. Gazeta do Povo.

sem comida

sem comida

Agentes da Polícia Militar (PM) lotados no Quartel do Comando Geral da corporação estão, há seis meses, sem poder se alimentar no refeitório da unidade. A ordem é reforçada por um ofício, afixado na entrada do rancho do quartel, que destaca que apenas policiais que atuam na guarda de presos podem comer no local. Segundo a Associação dos Praças do Paraná (Apra), o corte das refeições atinge todos os batalhões da instituição no estado.

INFOGRÁFICO: Veja o ofício que proíbe o uso do refeitório no Quartel do Comando Geral

“Os policiais cumprem escalas superiores a 12 horas, mas, ainda assim, não há comida para eles no rancho. Vão às ruas de estômago vazio. E policial sente fome”, resumiu o presidente da Apra, Orelio Fontana Neto.

Quatro policiais militares – três lotados no Quartel do Comando e um, no 13.º Batalhão – ouvidos pela Gazeta do Povo relatam que os próprios agentes têm se unido para driblar o corte da alimentação. Os praças chegam a fazer “vaquinhas” para comprar pão e manteiga, para suportar os expedientes estendidos. “Ou é trazer marmita de casa, ou é tirar dinheiro do bolso para comer”, lamentou um policial.

Em setembro de 2013, a Apra ingressou com uma ação civil pública, na 2.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, com o objetivo de forçar o estado a voltar a fornecer alimentação aos PMs. O processo ainda tramita na Justiça. A Associação de Defesa dos Direitos dos Militares (Amai) aponta que, por receberem remuneração por subsídio, os policiais militares não podem ganhar benefícios extras, como vale-alimentação. Esse entrave, na avaliação da entidade, agrava o problema. “Não pode para policial, mas pode para juiz”, disse o advogado da Amai, Marinson Albuquerque.

Sem receber há meses, uma padaria suspendeu a entrega de pães à corporação. Em um ofício encaminhado à PM, o empresário justifica que o calote lhe causou “dificuldades de saldar os salários dos funcionários, o 13.º e capitalizar recursos para compra de matéria-prima”. O texto foi afixado pela polícia na porta do rancho do quartel. A instituição afirmou que só se pronunciaria hoje sobre o assunto.