Acidentes de Trânsito – Vanessa Fontana – TV UNINTER

O Programa Café com Gestão é idealizado pela Coordenação dos Cursos de Processos Gerenciais, Gestão Comercial e Marketing do Centro Universitário Internacional UNINTER. A entrevistada do dia é a Profa. Dra. Vanessa Fontana, o tema é “Acidentes de trânsito” e a apresentação é por conta do Prof. Elizeu Alves.

Semana Nacional do Trânsito: a visão de Bernardo Pilotto

Por

Bernardo Pilotto*

Trânsito: foco no indivíduo

Entre os dias 18 e 25 de setembro, acontece a Semana Nacional de Trânsito, que busca sensibilizar a população acerca da necessidade de diminuir a violência e as mortes que acontecem no trânsito. Nesses próximos dias, as ações dos órgãos Sistema Nacional de Trânsito estarão focadas em divulgar os dados acerca dos acidentes e mortes nas ruas e estradas, além de focar o debate nos pedestres, que são o tema da campanha neste ano.

Infelizmente, o debate sobre o trânsito e suas consequências ainda é muito individualizado: fala-se muito da imprudência e da necessária “direção defensiva”, sem fazer o debate sobre os aspectos estruturais do problema.

Na perspectiva estrutural, penso que alguns temas são fundamentais:

1) Melhoria nas estradas: a maior parte das estradas brasileiras é de pista simples. Nestas vias, para haver uma ultrapassagem, é preciso “invadir” a pista contrária, o que sempre é perigoso. Para diminuir os acidentes, é preciso duplicar as estradas, evitando os acidentes em ultrapassagem. Aonde não for possível, deve-se ao menos garantir a “terceira faixa”, que permite ultrapassagens seguras de tempos em tempos;

2) Investimento em transporte ferroviário: a ênfase em transporte rodoviário, com grandes caminhões transportando cargas muito pesadas, é causador de acidentes. Os caminhões lentos, em rodovias de pista simples, acabam incentivando ultrapassagens perigosas que acabam em acidentes. Para evitar isso, é fundamental voltar a investir em ferrovias para o transporte de grandes cargas. Isso só pode ser feito por um governo que não tenha recebido dinheiro do lobby da indústria automobilística durante a campanha eleitoral;

3) Transporte público: a precaridade dos ônibus, especialmente nas grandes cidades, somado aos incentivos fiscais (como o “IPI zero), fez com que grandes parcelas da população brasileira buscasse o transporte individual como solução. Essa situação gerou um trânsito caótico (e mais perigoso) nas grandes e médias cidades brasileiras. Para reverter isso, é fundamental investir em transporte público, com mais qualidade e menores tarifas. Desta forma os automóveis poderão voltar a ser chamados de “carros de passeio”;

4) Ciclomobilidade: nunca ouvi falar em mortes num acidente entre duas bicicletas. O investimento em ciclomobilidade certamente pode ajudar num trânsito mais seguro e menos violento.

Tudo indica que dificilmente os debates da Semana Nacional do Trânsito serão acerca das questões levantadas acima. Mais uma vez, o foco será individual, culpabilizando a cada um pelos acidentes. É necessário que a discussão acerca do trânsito avance para além das medidas individuais, pois só desta forma poderemos ter, de fato, uma redução do número de acidentes e mortes.

*Bernardo Pilotto é assistente administrativo do HC/UFPR e sociólogo formado pela UFPR. Atualmente, faz mestrado em Saúde Coletiva na Unifesp. Começou sua militância política no movimento estudantil da UFPR, onde foi diretor do DCE/UFPR por duas vezes e membro do Conselho Universitário. Em 2006, entrou no HC/UFPR como assistente administrativo e sempre participou dos movimentos de luta da categoria, sendo representante dos técnicos-administrativos no COUN/UFPR de 2009 a 2011. Em 2013, assumiu uma vaga como representante dos trabalhadores no Conselho Municipal de Saúde de Curitiba.

Foi fundador do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade em 2004 e já fez parte de diversas instâncias do partido, em nível municipal, estadual e nacional. Atualmente é da coordenação doSetorial de Saúde do partido.

No dia 13 de abril de 2014, foi escolhido pela Conferência Eleitoral Estadual do PSOL do Paraná como pré-candidato ao governo do estado.

Não foi acidente

Dor

Ontem, dia 03 de agosto de 2014, completei 24 anos como sequelada do trânsito brasileiro. Dizia até então, que eu era vítima de um acidente de trânsito. Opa, não foi acidente! O sujeito que me atropelou cometeu ao menos 03 infrações:

1) “furou” o sinal vermelho;

2) ultrapassou pela “direita”;

3) estava alcoolizado. E, detalhe, após o atropelamento tentou fugir, mas foi detido por dois policiais militares, na fria noite de 03 de agosto de 1990.

Pois bem, porque estou publicando isso? Quero ser vítima?

Não! Quero sim, ser a propaganda da dor e do sofrimento que o Trânsito pode causar. Para me usar como exemplo, de que, segundos de imprudência e negligência no Trânsito tem resultados que podem ser carregados durante toda uma vida. No meu caso, fui atropelada por uma moto há 24 anos, como já disse, e há 06 anos e meio sinto dores excruciantes que me colocaram na Morfina há dois anos. Vejam, há dois anos, além da morfina tomo mais 14 comprimidos por dia. E, só tenho 41 anos!

Não podemos mais continuar com esse Trânsito e essa resistência cultural que os brasileiros tem às Leis e às Normas. Precisamos de educação e consciência no Trânsito. Há 24 anos atrás fui eu, mas hoje, amanhã ou depois pode ser você, um amigo, um familiar….

Por dia, produzimos duzentas mortes no Trânsito, por ano tiramos 50 mil vidas. Para quê? Para chegar um minuto antes?Por que somos espertos? Por que temos malandragem? Por que estamos acima das leis? Para enfrentarmos alguém com o clássico, sabe com quem está falando?

Tenham certeza de que essa sensação de micropoder da qual somos tomados quando entramos em nossos carros e olhamos o pedestre ou o motociclista como alguém que nos atrapalha e que temos o “poder” de avançar, ameaçar e jogar o carro sobre eles para a satisfação do nosso ego. Essa pessoa é uma pessoa como nós é um pedestre que tem vida, não é uma massa amorfa ou um inferior social. Estamos esquecendo da função da sociedade que é a proteção.

Quantos sequelados e mortos queremos produzir?

Peço, aos amigos do facebook que compartilhem e divulguem o meu desabafo. E, se alguém em algum momento lembrar do meu sofrimento e das  minhas doses de morfina e demais medicamentos DIÁRIOS, e isso o fizer uma pessoa melhor no trânsito um ÚNICO DIA, ou até horas, isso já valerá a pena.

Precisamos mudar e depende de cada um de nós, pois o nosso problema é cultural…

Duas centenas de mortes evitáveis em Curitiba: trânsito em questão

Por KATIA BREMBATTI, 25 de maio de 2014.

Gazeta do Povo

SOS TRÂNSITO

SOS TRÂNSITO

Uma tragédia do tamanho do incêndio da boate Kiss aconteceu em Curitiba no ano passado. Tal qual na cidade gaúcha de Santa Maria, aqui a morte de duas centenas de pessoas também não foi uma fatalidade. Só dentro do perímetro urbano da capital, 226 pessoas morreram em acidentes de trânsito. Eram, em grande parte, jovens entre 16 e 30 anos, com a vida inteira pela frente.

INFOGRÁFICO: Veja detalhes sobre as características dos acidentes

Os acidentes de trânsito são previsíveis e, portanto, evitáveis. Eles estão atrelados a um conjunto de condutas de risco. O desrespeito à sinalização, como avanço de preferencial ou semáforo, foi o principal causador. Bebidas alcoólicas estavam comprovadamente presentes em um de cada quatro acidentes fatais. Mas o número pode ser muito maior porque muitos testes deixaram de ser feitos. E o perfil das colisões mostra predominância nos sábados à noite.

Os dados são decorrentes do trabalho de uma equipe que analisou cada umas das mortes no trânsito curitibano em 2013, para tentar impedir que mais tragédias aconteçam. Policiais, peritos, médicos e técnicos de trânsito se reúnem todas as terças-feiras de manhã, na Secretaria Municipal de Saúde, em busca de respostas.

O levantamento mostrou que não é nas rodovias que cortam a capital e, sim, no trânsito das ruas que ocorre a maior parte dos óbitos. E assim como no caso de homicídio, são os homens que estão mais sujeitos à violência. Quase todo dia alguém morre no trânsito da capital – o recorde de 2013 foram dois períodos de uma semana sem óbitos.

Sem desculpa

Em países em que a “cultura do carro” também é forte, como Estados Unidos e Argentina, a população têm a metade do risco – em relação aos brasileiros – de morrer no trânsito: mais um indicativo de que os acidentes graves não são fatalidades. A cada três mortes em automóveis em Curitiba, uma envolve a ausência de uso de cinto de segurança. Foram 16 óbitos no ano passado em situações em que o dispositivo poderia, eventualmente, ter salvado uma vida.

A boa notícia é que o número de mortes diminuiu em relação ao ano anterior: foram 263 em 2012. Não há uma explicação fácil para a queda. Até mesmo o tráfego engarrafado pode ter contribuído para a redução.

A notícia triste é que, mesmo em declínio, os números curitibanos ainda estão bem acima de qualquer média aceitável. O trânsito de cidades como São Paulo assusta, mas o de Curitiba é duas vezes mais violento quando comparado o número de veículos, segundo o Mapa da Violência no Trânsito. A chance de ter a vida interrompida é maior aqui. “Os índices curitibanos são terríveis”, resume Vera Lídia Alves de Oliveira, que é uma das coordenadoras do grupo Vida no Trânsito, responsável pela análise dos óbitos.

Depois da festa, a tragédia

No dia do acidente, Anelize Empinotti conversou com a mãe e a irmã sobre a violência nas ruas. Era a semana nacional do trânsito e ela acreditava que, por temor de fiscalizações extras, menos gente sairia bebendo e dirigindo. Estavam apreensivas, afinal de contas, voltariam para casa de madrugada. A preocupação era pertinente. Anelize nunca mais conversaria sobre amenidades com elas depois daquele dia. Logo após a festa de formatura, ela perdeu a mãe, a irmã e o filho em um acidente.

Alguns fatores foram primordiais para esse desfecho. Pela avenida Silva Jardim, Eduardo Victor Garzuze seguia em alta velocidade. Ele havia se envolvido em uma batida e fugia do local. Eram 4h40 de 22 de setembro de 2013. O carro em que estavam a costureira Lorena Araújo Camargo, 47 anos, a assessora jurídica Gabriele Empinotti, 23 anos, e Igor Empinotti de Oliveira, 9 anos, percorria a rua Alferes Poli. Era madrugada e o sinal vermelho foi ignorado. Mesmo usando cinto de segurança e com a abertura do airbag, os três morreram. Testes feitos no hospital apontaram que Garzuze tinha álcool no sangue. Os socorristas também registraram no prontuário médico que ele tinha “odor etílico”.

Até hoje, Anelize não conseguiu buscar o álbum de formatura. Acredita que não está preparada. Ela faz acompanhamento psicológico para aprender a viver com a perda. Como parte do tratamento, se engajou em campanhas de prevenção de acidentes. Conseguiu o apoio de colegas na Cohapar, onde trabalha.

E no primeiro Dia das Mães depois da perda, ergueu a cabeça e participou de uma caminhada de conscientização. “Minha mãe ensinou que eu devia me preocupar com os outros. Quem bebe e dirige com velocidade excessiva não pensa que pode causar um acidente e acabar com uma família”, diz. “Cada dia é uma luta. Não é fácil acordar e saber que o meu filho não está no quarto do lado”, resume. O cômodo, fechado, guarda as lembranças do menino e também da mãe e da irmã.

Anelize avalia que falta fiscalização. Diz não ter visto blitz naquela noite. “Talvez ele [o motorista] tivesse sido preso ou o carro tivesse sido apreendido”, comenta. Ela não vê o caso como uma fatalidade. “Chamo de irresponsabilidade.” Mas não quer sentir raiva. Para Anelize, também a impunidade é um fator que contribui para que o motorista arrisque colocar em jogo vidas alheias. “Eu perdi tudo o que eu tinha”.

FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1471227&tit=Duas-centenas-de-mortes-evitaveis#comentarios

 

Rigor de “lei seca japonesa” aumenta segurança no trânsito do país

ROBERTO KOVALICK – Japão

Não existe lugar do planeta em que o trânsito seja completamente livre de perigos, mas quando os motoristas agem de forma responsável e sabem que não têm como escapar de punições rigorosas, a segurança aumenta muito.

Se a gente andar distraído pela cidade de Nagoya pode até pensar que está em um país bem familiar, mas a lei lá é japonesa. Por isso, antes de dar o primeiro gole, o freguês tem que responder a uma pergunta:

“O senhor vai dirigir?”, questiona um funcionário de um restaurante.

“Não, vou embora de taxi”, responde um cliente.

E se tivesse dito que iria dirigir?

“Aí a responsabilidade é dele. A casa fez a sua parte em advertir o cliente que não poderá dirigir ao consumir bebida alcoólica”, diz o funcionário do restaurante.

Se o gerente servir álcool, sabendo que o freguês vai dirigir, pode pegar até três anos de cadeia e os amigos de farra também. Se entrarem em um carro com um motorista alcoolizado, podem acabar a noite atrás das grades.

A lei se tornou mais severa há cinco anos, depois de um acidente em que um motorista bêbado causou a morte de três crianças. O caso chocou os japoneses. Hoje, os motoristas sabem que se beberem e forem apanhados em uma blitz não tem como escapar de uma punição rigorosa.

Os policiais japoneses testam o maior número possível de motoristas. Primeiro fazem um teste rápido com um bafômetro bem simples. Se estiver tudo bem, o motorista nem perde tempo. Se houver alguma suspeita, ele vai para o carro da polícia, onde passa por um exame mais detalhado, e se for apanhado alcoolizado, a pena pode chegar a cinco anos de cadeia para os reincidentes.

Os brasileiros que moram lá conhecem uma característica da polícia e da Justiça do Japão.

“Por mais que você tenha seguro do carro, seguro pessoal, se você causa um acidente com vítima, você é preso”, diz um homem.

A educação e a aplicação da lei tornaram o trânsito tão seguro que criaram estatísticas inusitadas, por exemplo: no Japão, o risco de alguém morrer em uma banheira é quase o triplo do que em um carro e bicicletas provocam o dobro de acidentes com mortes do que motoristas bêbados.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/07/rigor-de-lei-seca-japonesa-aumenta-seguranca-no-transito-do-pais.html

 

NÃO FOI ACIDENTE

Pessoal, vamos colaborar assinando a Petição para que as Leis no Brasil sejam mais rigorosas em casos de acidentes de trânsito com vítima. Sabemos, que a IMPUNIDADE é um fator que estimula a falta de responsabilidade das pessoas ao volante. Eu sou uma vítima. Fui atropelada há mais de 20 anos e ainda sofro com os problemas. Vamos assinar para diminuir o número de mortos e sequelados no trânsito.

Acesse o link: http://naofoiacidente.org/blog/