Pois bem, nada está fácil no Brasil, economia, política, violência… poderia fazer um post inteiro só indicando nossas mazelas. Mas como brasileira que sou e cientista política também vou lançar um outro olhar sobre essas conjuntura da Lava-Jato. De fato, estamos tendo a oportunidade de reinaugurar a República, com o sonho de cidadãos ativos e participativos, de um país que até ontem só punia e prendia os pobres, negros e moradores da periferia. Pois bem, mas tem uma elite branca que brada aos quatro ventos que estão querendo usar esses políticos como exemplo e se vingarem. Não é o que eu vejo….
E, digo o que vejo, por um instante lembro de um livro do Whright Mills – O imaginário sociológico, onde ele falou dos white collars, os crimes de colarinho branco, e não posso deixar de perceber isso como um avanço. Pois, até então, quantos membros da elite foram punidos pelo sistema penal? – Respondo novamente, negros e pobres. Não dá para olhar e não ver. Mas há muitos que não veem porque não veem e porque não querem ver que o Brasil está mudando sim.
Me entristece olhar para o Brasil que o PT, enquanto partido, fez questão de dividir e essa ruptura foi tão grande que atingiu os que deveriam pensar, no sentido teleológico da palavra, isto é, romper o senso comum. Mas as academias, especialmente, as públicas estão contaminadas pelo senso comum … e quando paro e observo não me sai da mente o livro de George Orwell.
Creio que demoraremos mais de duas décadas para que o pensamento acadêmico se descontamine e volte a fazer ciência, ao menos, na área das ciências sociais e sociais aplicadas.