A cultura da tutela: um case

Pessoal, preciso compartilhar com vocês algo curioso que tenho experimentado em minha loja – Vanessa Fontana Armarinhos e Artesanato – desde que criei o Clube do Livro. Aqui temos uma foto do projeto.

Clube do Livro - Armarinho & Artesanato

Faz uns dois meses que criei um modelo para deixar os livros disponíveis para as pessoas  terem acesso aos livros em frente a Loja. Até aí tudo bem… O Projeto está indo de vento em polpa, pois a comunidade tem colaborado com doações, livros vão e vem…histórias e experiências vão e vem…

Mas o curioso é a atitude das pessoas frente aos livros… Muitos entram com identidade na loja para fazer um cadastro ou algo que o valha… E, dizemos que não precisa… As pessoas insistem e dizem coisas assim:

  1. Mas a minha identidade está aqui…
  2. Meu nome é…
  3. Eu tenho comprovante de residência…
  4. Eu moro na rua tal…
  5. Quanto tempo eu tenho para ler…

livros

Nossa resposta, invariavelmente é: pode pegar o livro que você quiser… Mas como assim? As pessoas indagam… Na verdade elas querem um CONTROLE, um LIMITE que nós não damos…. as pessoas são livres para pegar, devolver, trocar, enfim…

Mas a ficha demora para cair… a experiência tem sido linda… pelo projeto estar indo bem e pela surpresa das pessoas pela nossa falta de controle…. ou diria liberdade, emancipação… cidadania… de fazer e de agir sem ninguém tutelá-lo…. é um simples livro, mas o significado da experiência tem ido muito além…

Arte com Ciência: Henry Kaminski

Esse é o cara…meu grande professor e mestre de processo civil, excelente didática, equilibrado e melhor ainda, ciente dos limites epistemológicos dentro de uma sala de aula…Professor Henry Kaminski … vc me dá orgulho como aluna e professora.

Fiz p ele um porta cartão customizado… Arte com ciência!

Henry Kaminski

A delação do fim do mundo…pode ser um começo…

Pois bem, nada está fácil no Brasil, economia, política, violência… poderia fazer um post inteiro só indicando nossas mazelas. Mas como brasileira que sou e cientista política também vou lançar um outro olhar sobre essas conjuntura da Lava-Jato. De fato, estamos tendo a oportunidade de reinaugurar a República, com o sonho de cidadãos ativos e participativos, de um país que até ontem só punia e prendia os pobres, negros e moradores da periferia. Pois bem, mas tem uma elite branca que brada aos quatro ventos que estão querendo usar esses políticos como exemplo e se vingarem. Não é o que eu vejo….

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E, digo o que vejo, por um instante lembro de um livro do Whright Mills – O imaginário sociológico, onde ele falou dos white collars, os crimes de colarinho branco, e não posso deixar de perceber isso como um avanço. Pois, até então, quantos membros da elite foram punidos pelo sistema penal? – Respondo novamente, negros e pobres. Não dá para olhar e não ver. Mas há muitos que não veem porque não veem e porque não querem ver que o Brasil está mudando sim.

Me entristece olhar para o Brasil que o PT, enquanto partido, fez questão de dividir e essa ruptura foi tão grande que atingiu os que deveriam pensar, no sentido teleológico da palavra, isto é, romper o senso comum. Mas as academias, especialmente, as públicas estão contaminadas pelo senso comum … e quando paro e observo não me sai da mente o livro de George Orwell.

Creio que demoraremos mais de duas décadas para que o pensamento acadêmico se descontamine e volte a fazer ciência, ao menos, na área das ciências sociais e sociais aplicadas.

PM e as mortes em Vitória

Hoje chegamos ao terrível número de 113 mortes na capital do Espírito Santo. Dados efetivos de uma guerra civil. Esse caos me faz lembrar um evento sobre segurança pública que participei na UFPR. Estava na mesa um coronel aposentado de SP, que disse que a polícia militar é violenta no Brasil inteiro e que não serve para nada. O caos vivido em Vitória demonstra o efeito simbólico da PM nas ruas de uma cidade. O que diria esse coronel da PM?

Óbvio que existem outros fatores sociológicos que explicam porque não somente pessoas do mundo do crime estão cometendo crimes, mas também pessoas que nunca se envolveram com delitos. Isso nos faz pensar sobre várias questões de segurança pública e do papel ineficaz do Estado Brasileiro. O caos instaurado e sequer temos Ministro da Justiça….

 

 

 

 

 

 

 

2017 promete…

Há muito não escrevo no Blog, há mais de seis meses.

Vanessa Fontana

Muitas mudanças ocorreram tanto na minha vida pessoal quanto no Brasil. Fui demitida do UNINTER, após 15 anos, a alegação foi de que o meu salário era muito alto… e com esse valor poderiam pagar 04 mestres… Setor privado é assim… Daí me pergunto, qual o valor de um Doutor no Brasil? – A minha demissão deixou bem claro… qual é o valor… é uma coisa… tipo fast food…  Entrei na justiça para reparar esse erro, que entendo ter sido a minha demissão, pois a legislação é muito clara em relação a isso, artigo 93 da Lei  8213/1991. Pois bem, entramos com uma medida cautelar…. Atenção… 06 meses se passaram e ainda não há uma decisão em relação a reintegração. Justiça que é lenta não é justiça….

Pois bem, quanto ao Brasil… na política e na economia, decepção mais decepção. A morte do Ministro Teori Zavascki me abalou de uma forma contundente, como pode isso ter ocorrido? – Michel Temer se apresentou muito menos comprometido com a melhoria do Brasil do que eu imaginava. Tem habilidade política sim, mas o seu intuito é mudar para manter tudo igual. Está difícil, muito difícil. Agora o PT se aliando ao PMDB para destruir a Lava Jato…

Será que o Brasil tem jeito? – Doutores são demitidos porque são caros…. os cargos públicos comissionados lotados de pessoas cobrando favores… tecnicismo nenhum, com raras exceções, enquanto isso, nós brasileiros, pagamos o preço:, saúde péssima, educação péssima….segurança péssima, trânsito péssimo…. tudo péssimo….

 

ELEIÇÕES 2016: Greca e Leprevost

Três Cenários em Curitiba

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Pois bem, 100% das urnas apuradas, em 02 de outubro de 2016, e Curitiba terá segundo turno.

Cenário 01: Rafael Greca

Graças a queda vertiginosa de Rafael Greca, que se envolveu em declarações conturbadas sobre um popular de rua que ele socorreu, mas disse não ter suportado o cheiro do homem e vomitou, mas ainda assim o socorreu, perdeu mais de 15 pontos na corrida eleitoral. Palavras mal colocadas, mas apesar disso ele teve capacidade para sair como primeiro colocado e seguir para o segundo turno.

Cenário 02: Ney Leprevost

Leprevost não tinha chance alguma, segundo as pesquisas eleitorais, até a desastrosa declaração de Greca, pois bem, os votos de Greca migraram para Leprevost o que o colocou no segundo turno de forma inesperada. Fez uma campanha redonda, propositiva, se afastou dos embates e acabou conquistando o voto de quem se decepcionou com o Greca e não queria o falido Gustavo Fruet.

Cenário 03: Gustavo Fruet

Vamos combinar, que nenhum curitibano que tenha orgulho de sua cidade estava satisfeito com a gestão de Fruet, aliás a não gestão, se mostrou medroso, nada audaz, sem visão de Estado… enfim sem qualquer perfil para a gestão pública. O que Fruet fez pela cidade? – Nada. A resposta dessa insatisfação veio hoje com a recusa de Fruet como prefeito.

Essa é a avaliação do processo eleitoral de hoje. Agora precisamos refletir sobre o caminho do segundo turno.

A Profa. e Advogada Mariel Muraro, apoia o Maio Amarelo

A Professora, Pesquisadora e Advogada Criminalista Mariel Muraro, Doutoranda em Direito Penal pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Coordenadora do Curso de Direito da Faculdade de Pinhais (FAPI), concedeu entrevista ao Blog da Vanessa Fontana sobre a sua percepção em relação ao Maio Amarelo.

Maio Amarelo

Para a Profa. Mariel Muraro, o Maio Amarelo é uma campanha muito proveitosa, e que precisa de investimentos, sendo essa uma forma efetiva de conscientização contra a violência no trânsito, pois o dados brasileiros são epidêmicos. O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial dos países que mais matam e sequelam pessoas no trânsito. Nessa perspectiva, uma campanha educativa, como o Maio Amarelo, pode transformar a vida das pessoas e mudar comportamentos.

Do ponto de vista do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, a advogada criminalista, esclarece que a  relação entre o Código versus a fiscalização é complexa. Ela se posiciona academicamente como pertencente a corrente abolicionista, sendo bastante crítica em relação ao Sistema Penal e ao Código Penal. Ressalta que existe uma crença das pessoas em relação a Justiça Criminal.  A Professora Muraro, esclarece que “(…) me parece que o Sistema de Justiça Criminal não ressocializa as pessoas, não existe um constrangimento efetivo no sentido de fazer com que as pessoas deixem de cometer uma conduta, porque ela está no Código Penal. O simples fato de uma conduta estar no Código Penal não significa que esses crimes deixarão de serem praticados (…)”.  Existe de fato uma seletividade penal, e isto, significa dizer que, nem todas as pessoas são atingidas por essa possibilidade de responsabilização. A ameaça do cárcere não impede as pessoas de cometerem delitos.

Ainda nessa linha, a respeito do cárcere, Muraro destaca que o  Brasil ocupa o terceiro lugar mundial em número de pessoas privadas de liberdade, temos hoje no Brasil 715 mil pessoas encarceradas. O Blog da Vanessa Fontana, questionou a Professora  Mariel Muraro, se colocar mais pessoas nesse sistema teria alguma efetividade para crimes de trânsito, da perspectiva das políticas públicas?  – Esclarece a Professora Muraro, que a efetividade de se colocar mais pessoas nesse sistema é zero.  O custo da política de aprisionamento é mais baixa do que campanhas de conscientização, essa política acaba garantindo alguns votos, pois atinge o senso comum e reforça a sua crença, mas isso não convence as pessoas a  não cometerem delitos. Se formos nesse caminho da constante criminalização teremos que aumentar o número de presídios, contratar mais agentes penitenciários, mas isso não resolve, precisamos trabalhar na prevenção, na mesma linha de atuação desenvolvida pelo Movimento do Maio Amarelo.

Quando existe uma proposta de criminalização, não se pensa em paralelo no impacto do cárcere, o pensamento é imediatista. Uma campanha de conscientização e prevenção é mais efetiva do que prender as pessoas, e o Maio Amarelo entra nessa linha de mudança de paradigma. Um caminho é desenvolver campanhas de conscientização nas escolas pensando em médio e longo prazo, essas políticas sim tem efetividade, agora com políticas de curto prazo não há possibilidade nenhuma de quebra de paradigma.

A Professora Mariel Muraro finalizou a entrevista sugerindo um caminho: “(…) que o Estado e a sociedade abracem movimentos como o do Maio Amarelo, investindo em prevenção e não em criminalização (…)”.

Prof. Cassiano Ferreira Novo, apoia o Maio Amarelo

O Professor e Psicólogo Cassiano Ferreira Novo, Diretor da Consultoria Mobilidade Segura, concedeu entrevista ao Blog da Vanessa Fontana sobre o Maio Amarelo.

Para o Professor Cassiano Novo, o Maio Amarelo é uma Campanha Internacional de significativa mobilização social, nós temos poucos programas com a extensão do Maio Amarelo e o seu objetivo é despertar na sociedade a consciência do número de mortos e feridos no trânsito no mundo todo e no Brasil. O movimento tenta despertar a consciência da população para que tenhamos atitudes de cuidado de si e do outro, desenvolvendo comportamentos e atitudes de respeito no trânsito. Assim, um dos maiores objetivos do Maio Amarelo é estimular um comportamento preventivo e de maior segurança no trânsito.

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Mas a questão é: o que fazer para que os brasileiros respeitem a Lei? – Para o Professor Cassiano Novo, normalmente vamos atrás dos nossos direitos, mas quando falamos de dever, nós o jogamos para o outro, o próprio Sarte diz o “inferno são os outros”, eu fiz por um engano, queremos que o outro seja fiscalizado, mas eu tive um descuido, esse aí tem que ser punido. Essa percepção de cobrança do “outro” e não de “si” é preciso desenvolver nos brasileiros, e são posturas e atitudes estimuladas pelos Maio Amarelo.

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A mensagem que fica do Professor Cassiano Novo, sobre o Maio Amarelo: é de que precisamos deixar de cobrar do “outro” somente, e passarmos a cobrar de “nós” mesmos comportamentos comprometidos no trânsito.

Capitão Dorecki, comandante da Companhia do BOPE apoia o Maio Amarelo

O Capitão André Cristiano Dorecki, Comandante da Companhia do Choque do BOPE concedeu entrevista ao Blog da Vanessa Fontana sobre a sua percepção enquanto cidadão e Policial Militar sobre o Movimento Maio Amarelo.

Capitão Dorecki

De acordo com o Capitão Dorecki, a sua percepção como policial e como cidadão é de que nós devemos nos conscientizar e exigir dos órgãos públicos, o exemplo.  A raiz do problema do nosso comportamento no trânsito está na cultura, na consciência do cidadão de que a união da bebida alcoólica com o veículo é uma mistura perigosa. Como pai, percebo também que a educação vem de casa em relação ao trânsito e partir dali o  papel da escola, dos órgãos públicos, incluindo a Polícia que deve fiscalizar, enquanto Polícia de trânsito.

Nessa linha, o Capitão Dorecki entende que o Maio Amarelo é um avanço para aprimorar a percepção dos cidadãos dos riscos e do compromisso que temos uns com os outros no trânsito, pois ele é vivido em sociedade.